Big Data é ótima ferramenta para a agricultura

   
   Quando se pensa em tecnologia aplicada à agricultura, logo vem à cabeça insumos como fertilizantes ou agrotóxicos, biotecnologia ou máquinas mais eficientes para produção e manejo.
   Mas não é só isso. Big Data tem atuado de forma tão ampla na agricultura que até o seu feijão com arroz de todos os dias já tem a influência dos dados.

Dados e agropecuária

   Essa história de tecnologia e agricultura é bem mais antiga do que imaginamos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, desde a década de 80 utiliza os dados como parceiros essenciais da lavoura, seja para previsão do clima, análise da vegetação ou aptidão agrícola deste ou daquele solo para plantio.
   Maurício Antônio Lopes, presidente da instituição, afirma que o Brasil tem um dos 10 melhores serviços de meteorologia do mundo, graças aos dados correlacionados de imagens de satélites e medições de estações meteorológicas feitas por cientistas dos institutos de pesquisas INPE e INMET.
    No longínquo ano de 1984, a Embrapa já tinha um mapa que coletava diariamente “milhões de dados sobre chuva, vento, calor, frio” em 4.200 pontos e estações. Com isso foi possível dizer aos produtores o que, onde e quando plantar.
   O resultado do trabalho com dados? Menores perdas de safra e despesas com o seguro agrícola. Mas, e hoje?

Big Data e a agricultura privada

   O pioneirismo da Embrapa em termos de tecnologia para o setor de agricultura é notório, o que gerou o interesse de outras empresas do ramo – agora, do setor privado. Segundo Maurício Lopes, “o governo investiu na formação de mão de obra e no uso dessa técnica em políticas públicas. Semeou, assim, um negócio privado de R$ 5 bilhões anuais, com mais de 300 empresas também investindo”.
   É o caso da Monsanto, que pretende, com a ajuda de ferramentas de Big Data, transformar o Brasilno principal celeiro de alimentos do mundo. A empresa multinacional ficou conhecida por misturar, geneticamente, espécies diferentes de grãos de soja para melhorá-la. Mas, para além da polêmica dos transgênicos, ela agora se prepara para uma nova revolução: a agricultura digital.
   Segundo Rodrigo Santos, presidente da Monsanto na América do Sul, a empresa pretende unir os avanços na área de inteligência de dados dos últimos anos e ajudar os produtores rurais a tomarem decisões de plantio com base em dados estatísticos e outros critérios de alta precisão.
  Para isso, a Monsanto já adquiriu uma empresa que irá coletar, monitorar e analisar informações sobre a lavoura, em tempo real. A partir disso, será criado um banco de dados de fácil acesso e que possa ser utilizada por agricultores, independentemente se são de pequeno, médio ou grande porte.
   Ainda de acordo com Santos, a agricultura digital permitirá – com o auxílio de monitores e sensores instalados nos campos – o emprego de algoritmos e de Big Data no mundo rural, obtendo o máximo de produtividade em cada hectare e saco de semente cultivado pelo agricultor, ao mesmo tempo em que contribuirá para reduzir a pressão exercida sobre os recursos naturais e o meio ambiente. Ou seja, os dados coletados também ajudarão a manter a sustentabilidade do negócio.
  E talvez esse seja o grande desafio da agricultura: manter-se sustentável quando há excedente populacional em um cenário de mudanças climáticas radicais. E mais um dado (não necessariamente bom): a agricultura é responsável por 70% (!!!) da água consumida no planeta. E se até 2050 a produção agrícola precisa crescer em 60% para atender a demanda de pessoas no mundo… Bom, essa conta não fechará sem avanços econômicos, sociais e ecológicos corretos.